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Publicado em . | Atualizado em 7 de abril de 2022.
Preparamos esse artigo hoje para te ajudar a entender sobre a maior crise do século XXI, até agora. Continue a leitura e descubra mais sobre o tema, que por ser tão sério e global E aparecer em alguma questão ou até mesmo como tema de redação da próxima edição do ENEM.
O que você vai encontrar neste artigo hoje:
- Entenda o contexto do conflito Rússia e Ucrânia, suas causas e consequências para o mundo, em 10 pontos.
Os pontos compilados pela CNN (Canal de Televisão por assinatura estaduniense), são muito ricos com diferentes perspectivas de impacto e informações do panorama da guerra.
Além dos pontos listados, para uma compreensão total do tema, contexto histórico e projeções futuras, recomendamos que você assista esse video, principalmente se irá fazer vestibular ou Enem este ano:Guerra na Ucrânia | Entenda o conflito entre Rússia e Ucrânia e o papel da OTAN e dos Estados Unidos
Confira o resumo em 10 pontos
1. Justificativas da Rússia — e condições para encerrar o conflito
A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.
Em dezembro de 2021, Putin apresentou à Otan — Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança militar ocidental — uma lista de exigências de segurança. A principal delas era a garantia de que a Ucrânia nunca entrasse na Otan e que a aliança reduzisse sua presença militar na Europa Oriental e Central.
As negociações não avançaram, e o acúmulo de força militar nas fronteiras não arrefeceu, apesar do esforço diplomático empreendido no começo de 2022.
Dias antes de iniciar a invasão, nomeada até hoje pelos russos de “operação militar especial”, Vladimir Putin reconheceu a independência de duas áreas separatistas pró-Rússia da Ucrânia, autodenominada República Popular de Donetsk e República Popular de Luhansk.
No dia da invasão, Putin se justificou por uma declaração gravada exibida na TV. O russo afirmou haver um “genocídio” em curso no leste ucraniano, promovido por tropas “neonazistas” do país contra russos étnicos e separatistas da região.
“Era preciso pôr fim imediatamente a esse pesadelo: um genocídio voltado contra milhões de pessoas que lá vivem e cuja única esperança está na Rússia, pessoas que só têm esperança em nós, ou seja, em mim e em vocês”
Vladimir Putin em discurso em 24 de fevereiro, dia da invasão da Ucrânia
A operação militar, que teve como suposta motivação os conflitos já históricos de Donbass, não se restringiu ao leste ucraniano desde o primeiro momento. Os ucranianos em Kiev acordaram com o som de bombas — e a região não seria a única a ser alvo dos russos a partir de então.
Delegações de negociação russas e ucranianas já se encontraram, virtual e pessoalmente, para tentar ajustar acordos de cessar-fogo e retirada das tropas da Ucrânia, mas as condições estabelecidas pela Rússia ainda não são facilmente aceitas pelo outro lado.
A Rússia pede que a Ucrânia se comprometa com uma neutralidade militar – o que impediria o país de se juntar à Otan. Um dos moldes apresentados é o da Suécia ou da Áustria, que não integram a aliança e não fazem parte de empreendidas militares mundo afora.
Além disso, o Kremlin exige a desmilitarização e “desnazificação” da Ucrânia, o reconhecimento da independência de Donetsk e Luhansk, bem como o entendimento de que a Crimeia faz parte do território russo desde 2014, quando a península foi anexada no primeiro movimento militar de Putin na região.
2. O que diz a Ucrânia
A Ucrânia recebeu uma grande onda de apoio internacional de países tanto no âmbito militar — com diversas nações ocidentais enviando armamentos, drones, sistemas de defesa contra ciberataques e outros — quanto no repúdio de instituições globais e de grande parte do setor privado aos ataques.
Uma figura de destaque emergente da situação de guerra foi o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que passou a pressionar as nações ocidentais pelo apoio militar e humanitário e, também, a tentar negociar a entrada do país na União Europeia e até na Otan — embora Zelensky já tenha abdicado da última demanda.
Zelensky, de família judia, classificou como “risíveis” as alegações de que a Ucrânia estaria tomada por “neonazistas” e disse que, se as negociações com a Rússia continuassem a falhar, o mundo poderia testemunhar o acontecimento de uma Terceira Guerra Mundial.
A Ucrânia não apresentou uma lista oficial de demandas para encerrar o conflito, como fez a Rússia. Mas, ao longo da guerra, as autoridades ucranianas estabeleceram como prioridades a imposição de sanções devastadoras à economia russa, bem como o isolamento de Putin no cenário internacional.
Com a Rússia, um dos principais pontos discutidos é uma garantia de segurança por parte do país vizinho, já que esta não foi a primeira vez que a Ucrânia teve o território invadido e cobiçado. O presidente ucraniano chegou a propor até a criação de uma nova aliança internacional visando assegurar a paz em territórios invadidos.
3. Reação global e os impactos na economia Rússia
As primeiras sanções contra a Rússia foram anunciadas horas depois do início da guerra, com a promessa, feita pelo presidente dos Estados Unidos Joe Biden, de que essas seriam as maiores sanções econômicas já impostas a um país em toda a história.
Ativos de bancos russos foram congelados em diversos países, bem como os ativos de oligarcas russos e pessoas ligadas ao governo de Vladimir Putin. O rublo atingiu a mínima recorde e o Banco Central russo suspendeu, por diversos dias, as negociações na Bolsa de Valores de Moscou.
Um dos mais duros golpes foi a exclusão de bancos russos do sistema global de pagamentos Swift, o que isolou ainda mais a Rússia do ambiente de negócios internacional.
A questão energética, apesar de sensível devido à dependência europeia do gás natural russo, também não ficou de fora. A certificação do gasoduto Nord Stream 2 — um megaprojeto de US$ 11 bilhões com 1.200 quilômetros, concluído em setembro de 2021 — foi suspensa pela Alemanha.
A economia russa viu um movimento de debandada também do setor privado, indo de petroleiras como a ExxolMobil e Shell até empresas do ramo alimentício, como McDonalds, e do entretenimento, como Netflix e Spotify.
4. As consequências econômicas globais da guerra
A invasão russa gerou uma reação em cadeia globalmente. Os preços de referência globais do petróleo subiram acima de US$ 110 por barril, atingindo um recorde dos últimos oito anos, à medida que aumentava a preocupação de que o crescente isolamento econômico da Rússia desde a invasão da Ucrânia interromperia o fornecimento global de energia.
O risco de estagflação — aumento da inflação e baixo crescimento econômico — também causa receio nos formuladores de políticas monetárias em todo o mundo, apesar de a situação da Europa ser a mais delicada.
Analistas do Barclays reduziram sua previsão de crescimento da zona do euro para este ano em 1,7 pontos percentuais, para 2,4%. Espera-se que o consumo privado, o investimento e as exportações cresçam a um ritmo mais lento em todo o continente.
Nos Estados Unidos, houve alta de 7,9% do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em fevereiro, maior aumento anual em 40 anos.
5. O apoio à Rússia
O líder russo conta com o apoio de alguns aliados. Países que já dependeram ou precisaram da ajuda da Rússia em outros momentos decisivos da história se solidarizaram com a decisão de Putin de invadir a Ucrânia.
Belarus tem uma posição estratégica muito importante no Leste Europeu, pois faz fronteira tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia. Por esta razão, Putin aproveitou os laços com o presidente bielorrusso, Aleksander Lukashenko, para conduzir testes militares na ex-nação soviética. A Ucrânia acusa ataques de terem partido do território belarusso, e o país também foi alvo de sanções de outras nações.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi incisivo ao declarar apoio aos movimentos de Putin na Ucrânia. Maduro afirmou que tem “certeza de que a Rússia sairá dessa batalha unida e vitoriosa” e declarou “todo o apoio ao presidente Putin e seu povo”.
Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, também apoio publicamente a posição da Rússia sobre a Ucrânia. Ortega disse que Putin estava certo ao reconhecer duas regiões separatistas do leste da Ucrânia como independentes.
Embora tenha defendido uma solução diplomática para o conflito na Ucrânia, a Cuba criticou fortemente os EUA por imporem “a expansão progressiva da Otan em direção às fronteiras da Federação Russa”. Entendimento semelhante foi emitido pelo presidente do Irã, Ebrahim Raisi.
Outro apoio veio da Síria, forte aliada de Moscou desde que a Rússia lançou uma campanha de ataque aéreo na Síria, em 2015, que ajudou a virar a maré em uma guerra civil em favor do presidente Bashar al-Assad.
Além das nações citadas, a Índia, ao lado da China e dos Emirados Árabes Unidos, decidiu se abster de votar a favor de resoluções contra a Rússia perante o Conselho de Segurança.
6. O papel da China
A China disse que não foi contatada pela Rússia para o fornecimento de equipamentos militares ou outra assistência a fim de apoiar a guerra na Ucrânia — uma acusação que partiu dos Estados Unidos devido ao posicionamento de neutralidade da gigante asiática diante do conflito.
O país, liderado por Xi Jinping, se coloca repetidamente a favor do diálogo e da manutenção da paz. Ao mesmo tempo, se recusou a tecer comentários mais duros sobre os ataques russos na Ucrânia.
“A posição da China sobre a questão da Ucrânia é consistente e clara, e nós temos desempenhado um papel construtivo na promoção de conversações de paz. É imperativo que todas as partes exerçam contenção e esfriem a tensão, em vez de acrescentar combustível ao fogo; é importante pressionar por uma solução diplomática, em vez de agravar ainda mais a situação”, disse em uma ocasião o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian.
Ao mesmo tempo, comentários anteriores do porta-voz afirmaram que foram as medidas da Otan, lideradas pelos Estados Unidos, que levaram a tensão entre a Rússia e a Ucrânia a um “ponto de ruptura”.
O país tem sido pressionado pelos membros da Otan a adotar uma postura mais crítica à Rússia, com o qual a China mantém relações econômicas e de ordem geopolítica – especialmente em relação ao contraponto feito à hegemonia dos Estados Unidos globalmente.
7. A crise dos refugiados
Na manhã dos ataques, filas de carros de civis tentando deixar Kiev foram flagradas; este era o começo de um movimento de fuga que já envolveu mais de 6,5 milhões de pessoas deslocadas no país. Além disso, mais de 3,5 milhões já deixaram a Ucrânia para países vizinhos — a maior crise migratória no continente desde a Segunda Guerra Mundial.
Correspondentes da CNN flagraram famílias e até crianças sozinhas cruzando a fronteira com a Polônia, principal destino de quem sai da Ucrânia. Um dos maiores receios é o tráfico de pessoas, que se alastra em ambientes vulneráveis como os campos de refugiados montados às pressas — uma preocupação endossada pelo Acnur, especialmente quando se trata de crianças.
Apesar de a Rússia continuadamente negar que tenha como alvo instalações civis, bombardeios incessantes em cidades como Mariupol, que teve uma escola e uma maternidades atingidos, não têm sido relatos incomuns vindos diretamente da Ucrânia.
Os países negociam semanalmente corredores humanitários pelos quais os civis possam escapar. Mesmo assim, segundo as últimas estimativas da ONU, pelo menos mil civis morreram em decorrência dos ataques russos na Ucrânia. O número, no entanto, deve ser “muito maior”.
8. Guerra de comunicação
A guerra se tornou rapidamente um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, e as diferentes versões do conflito passaram a gerar consequências práticas.
Moscou afirma que está lutando contra considerando uma guerra de informação com o Ocidente sobre o conflito na Ucrânia, por isso, se moveu rápido para aprovar uma lei que impõe penas de prisão a veículos de comunicação ou pessoas que promovam “desinformação” a respeito da “operação militar especial” na Ucrânia.
Além disso, a autoridade de comunicação do governo da Rússia bloqueou o acesso das plataformas da Meta, empresa dona do Facebook, em todo o país. Além da Meta, a agência de notícias russa TASS informou que o Twitter também foi bloqueado no território russo.
Existem relatos de que outros serviços de informação de países do Ocidente estão sendo bloqueados, como é o caso dos canais de notícias britânico BBC e alemão Deutsche Welle. Além disso, a plataforma Wikipédia também teria sido bloqueada.
A União Europeia também decidiu retaliar veículos estatais russos em seu território, e suspendeu a licença da TV Russia Today, por exemplo.
9. Riscos nucleares
A disputa pelo controle de usinas nucleares na Ucrânia e o gesto de Putin de colocar em alerta as forças nucleares russas acenderam um sinal de preocupação na comunidade internacional.
Um dos momentos de maior tensão na guerra foi um ataque à usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior desse tipo em toda a Europa. O ataque provocou um incêndio na área da usina, do lado de fora do complexo do reator principal, segundo o Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia. Os níveis de radiação não excederam a normalidade na ocasião.
A região de Chernobyl, local do maior acidente nuclear da história, também foi envolvida no conflito. Autoridades ucranianas acusaram os russos de não permitirem, por diversos dias, a saída de funcionários da usina, e uma falha na conexão à rede elétrica nacional também gerou apreensão.
Por semanas, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alertou que a situação, em que a equipe de plantão estava exausta e trabalhando sob extrema pressão, representava um risco crescente para a segurança do local e pediu que eles fossem retirados. Os funcionários foram posteriormente evacuados da região.
Agora, a preocupação, de um lado, recai sobre a segurança das usinas nucleares ucranianas e, de outro, no arsenal nuclear russo, que responde por mais da metade das ogivas existentes no planeta.
Em entrevista a uma rede de TV britânica, um oficial russo da ONU afirmou que o uso de armas nucleares não estava descartado caso a Otan “provocasse” a Rússia.
10. Posição do Brasil
Vladimir Putin anunciou a invasão da Ucrânia dias após receber o presidente Jair Bolsonaro (PL) em Moscou — evento que gerou declarações de “solidariedade” à Rússia e causaram incômodos diplomáticos iniciais para o Brasil.
Com a continuidade e intensificação do conflito, o Brasil passou a se posicionar de forma crítica tanto aos ataques da Rússia — sendo um dos países a votar favoravelmente à resolução crítica das Nações Unidas contra a guerra — quanto, em outras ocasiões, a resoluções como a aprovada pelo Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
Apesar de afirmar inicialmente que não seria possível resgatar brasileiros na Ucrânia, o Ministério das Relações Exteriores mudou de entendimento e realizou ações para ir buscar refugiados na Europa e, também, para autorizar a estadia de quem chega da Ucrânia.
Mais de 1.100 ucranianos desembarcaram no Brasil desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, segundo dados da Polícia Federal (PF). Destes, 13 receberam a concessão de visto humanitário, um está classificado como refugiado e outro pediu refúgio.
Além disso, pelo menos 220 brasileiros conseguiram deixar o país do Leste Europeu e se deslocar a países fronteiriços, como Polônia e Romênia, no primeiro mês de guerra. O balanço é do Ministério de Relações Exteriores, feito a pedido da CNN.
Ainda que hajam informações que contextualizem o cenário do conflito, a verdade é que não deveríamos estar vivendo isso em pleno 2022. Em qualquer guerra, todos os lados perdem.
Nossos esforços devem estar voltados para a construção de uma sociedade melhor, mais justa e igualitária para todos e nesse sentido, não há espaço para a guerra.
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